Estabelecida a ocorrência, policiais e autoridades dão início às investigações isolando, examinando o local imediato ao sítio ou palco dos fatos e vistoriando os veículos quanto aos sistemas de segurança, sede e orientação dos danos. Estudam a dinâmica, elaboram cálculos, relatórios e croquis com o fim de determinar a energia dissipada em frenagens e amassamentos. Constatam a monta dos danos, o tipo/qualidade/topografia/coeficiente de atrito e sinalização da via e, por fim, elaboram laudos conclusivos que definem a causa ou as circunstâncias que contribuíram para ocorrência do acidente.
Todo trabalho deve seguir critérios técnicos e nenhum dos itens citados são de menor importância. Contudo, não raramente, o estudo pormenorizado dos fatores contribuintes para a ocorrência do acidente é negligenciado.
Considerando a engenharia de tráfego e a engenharia de construção de estradas, tendo em conta parâmetros construtivos e de sinalização vertical e horizontal, há regras e normativas que têm a finalidade de proteger a vida e a integridade física das pessoas e que devem ser rigorosamente obedecidas. Neste cenário, a investigação da polícia técnico-científica deve ser feita por profissional capacitado e atento aos fatores importantes e sempre relevantes, que não podem ser negligenciados.

Por exemplo:
a) erro no coeficiente de atrito utilizado nos laudos periciais. Os peritos, no cálculo da velocidade, muitas vezes não aferem este importante coeficiente no local, o que facilmente pode ser feito com equipamento próprio para este fim. Ao invés disso, empregam tabelas pré-formatadas onde interpretam o tipo e a condição da via e encontram, na tabela, o correspondente coeficiente de atrito. Na prática, esse procedimento pode contaminar os cálculos e o resultado do trabalho;

b) nos acidentes havidos em trechos de curva horizontal, não são consideradas a superelevação e a superlargura da via. Quando muito, são apenas mencionadas no laudo. Importa esclarecer que o perito deve conhecer essa importante matéria da engenharia de tráfego, providenciar o levantamento planialtimétrico no trecho em estudo e apontar as falhas construtivas da pista, dando ênfase ao grau de contribuição da desconformidade construtiva para ocorrência do acidente.
Superelevação e superlargura, quando devidamente projetados e implementados na via, são preponderantes para o conforto e segurança do tráfego;

c) não aferição do ângulo de aclive/declive, o qual interfere diretamente no cálculo da velocidade;

d) não observação de sinalização em local indevido ou inexistente, pontes e viadutos mal projetados, defeitos ou mau estado de conservação da pista, etc., são condições que precisam ser avaliadas, pois, contribuem para ocorrência de acidentes.

Nossa missão é identificar e apontar quais fatores efetivamente contribuíram, em maior ou menor grau, para ocorrência do acidente.
Uma análise bem-feita resulta em informações precisas e de extrema relevância.